A absorção dos cosméticos na pele

A absorção dos cosméticos na pele

Os tóxicos e os perigos à saúde

Por que esse tema?

​A preocupação com a saúde e o bem estar vem tomando conta de cada brasileiro, em um país que ocupa o quarto lugar em consumo de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no mundo. Os hábitos mudaram!

Portanto, o que nossa pele absorve - sendo ela o maior órgão do nosso corpo - deve ser o assunto relevante no que se refere à saúde. O entendimento dos perigos dos ingredientes (alguns deles até tóxicos) oriundos dos nossos cosméticos do dia a dia tem sido a base para muitas pessoas mudarem para os cosméticos naturais.

Com isso, tire um momento para se perguntar: quantos produtos você usa em um dia típico?! Creme, loção, desodorante, sabonete, shampoo, condicionador, perfume, maquiagem, protetor labial… Agora, pergunte a si mesmo quantos ingredientes estão nesses produtos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Environmental Working Group, uma pessoa usa em média 9 produtos diariamente, que contém 126 ingredientes exclusivos. Isso não seria tão preocupante se os ingredientes em nossos cosméticos fossem realmente regulamentados. Sim, regulamentados. Você leu corretamente: testes de segurança não são necessários para muitos dos nossos cosméticos do dia a dia. 

Ainda mais preocupante é o fato de que muitas empresas continuam a usar produtos químicos perigosos em nossos produtos simplesmente porque ainda não foram proibidos, sem mencionar que são muito mais baratos de usar do que os ingredientes naturais. O que nos faz parar para perguntar, quanto desses tóxicos estão entrando em nossa pele? Temos 2 milhões de poros (orifícios) em nossa pele.

Mas como identificar a empresa certa para comprar seus cosméticos regulamentados e com o "selo verde"?! Bom…primeiro, é essencial tomar cuidado com o greenwash.

O que é Greenwashing? 

Ser sustentável está na moda e, como em todo hype, é comum que algumas empresas queiram participar da conversa, mesmo sem ter as tais práticas sustentáveis. Nesse cenário surge o greenwash. É um termo em inglês que pode ser traduzido como “lavagem verde”, e é praticado por empresas, indústrias públicas ou privadas, organizações não governamentais e até governos. 

Basicamente, ele é uma estratégia de marketing de promover discursos, ações e propagandas e até etiquetas com um ar de sustentabilidade, que não se sustentam na prática. Segundo um posicionamento recente da Ecocert Brasil, órgão de inspeção e certificação, o greenwash é praticado em diversos segmentos, porém pode ser melhor evidenciado em alimentos e cosméticos, visto que são produtos comprados com frequência e acessíveis a todos os públicos. 

É muito comum, portanto, que uma empresa se utilize do greenwash para aproveitar esse "gancho" e continuar vendendo. Porém, saiba identificá-lo quando ocorrer. No geral, o mais comum nesses casos é a empresa tratar obrigações legais como investimentos em meio ambiente, omitir impactos ambientais negativos da operação de seu negócio, destacando apenas os positivos, usar somente jargões técnicos incompreensíveis ou mesmo utilizar uma identidade visual ambientalista, “esverdeada”.

Absorção química 

 Antes de nos aprofundarmos muito no assunto da taxa de absorção da pele, é essencial saber a diferença entre penetração e absorção. Embora pareçam muito semelhantes e sejam frequentemente usados​ ​de forma intercambiável no mundo dos cosméticos, há uma grande diferença.

 

Quando um produto químico penetra na pele, ele passa pelo estrato córneo (a camada externa da pele) e atinge as camadas mais profundas da pele. A absorção, por sua vez,  é quando um produto químico entra na corrente sanguínea.

A quantidade de um produto ou substância química absorvida pela nossa pele depende de vários fatores, incluindo:

  • Tamanho Químico: moléculas grandes geralmente não conseguem passar pelas barreiras protetoras da nossa pele;

  • Temperatura da pele: A temperatura da pele mais alta está correlacionada com o aumento da absorção;

  • Integridade da pele: A pele danificada absorve substâncias  mais rapidamente e permite a passagem de partículas maiores;

  • Duração da exposição: Quanto maior a exposição ao produto, maior o risco; 

  • Área da pele exposta: Diferentes áreas do corpo absorvem mais do que outras, dependendo da espessura e temperatura da pele; as áreas mais impermeáveis da superfície cutânea, por exemplo, correspondem às palmas das mãos e às plantas dos pés, tronco, braços e pernas, enquanto que existem várias zonas que são muito permeáveis.

12 Maneiras de reduzir a exposição química

Uma vez que os produtos químicos entram em nossos corpos, eles tendem a se acumular ao longo do tempo. Felizmente, existem medidas que podemos tomar para ajudar a reduzir nossa exposição química. Aqui estão algumas dicas para ajudar você a começar!

  1. Comece pequeno: 

Pode parecer impossível remover tantos produtos da sua rotina. Então comece pequeno, substituindo aqueles que representam mais risco por produtos naturais, como:

  • Produtos que você usa com frequência: diariamente ou várias vezes ao dia, por exemplo shampoos e condicionadores. 

  • Produtos que você deixa por mais tempo: creme, loção, protetor solar, etc.

  • Produtos usados ​​em bebês e crianças: Os bebês têm a pele mais fina, por isso correm maior risco de absorção.

  1. Aproveite os recursos gratuitos:

A EWG oferece um banco de dados para ajudar a educá-lo sobre ingredientes a serem observados e alternativas de produtos mais seguras. O idioma do site é inglês, não achamos nada parecido em português. De modo geral, é importante já ir fazer compras com os ingredientes a serem evitados em mente. Mais abaixo, listamos alguns principais.

  1. Use menos produtos para limitar sua exposição

Vá até seu banheiro e seja honesto com o que você realmente precisa. A mistura de um bando de produtos com vários ingredientes pode resultar em um coquetel químico superdimensionado. Além de não entendermos o suficiente sobre os ingredientes que já sabidamente têm efeitos nocivos à nossa saúde, sabemos ainda menos sobre o que acontece quando os misturamos.

     4.  Escolha produtos que tenham mais de um uso

Isso ajudará você a atingir seu primeiro objetivo de reduzir produtos para reduzir a exposição a produtos químicos e também reduzirá o desperdício de embalagens.

Há tantos usos duplos para os produtos. Por exemplo, você sabia que nossos shampoos podem ser utilizados para lavar o corpo também?

  1. Escolha produtos com menos ingredientes

Não significa necessariamente que são melhores, mas escolher produtos que contenham menos ingredientes, você estará se expondo a menos toxinas.

  1. Esqueça a embalagem

A aparência da garrafa não tem nada a ver com desempenho. Não deixe um pacote bonito te vender. Diga a si mesmo a verdade. Procure produtos que usem a menor quantidade de embalagens possível. O uso excessivo de embalagens é um desperdício dos recursos do nosso planeta e está enchendo nossos aterros sanitários. As empresas que estão dispostas a renunciar à venda extra que inevitavelmente obterão com o poder da embalagem estão fazendo uma declaração e tomando medidas ativas para reduzir o desperdício.

  1. Crie seus próprios critérios do que é aceitável para você

Uma maneira simples de fazer isso é fazer uma lista dos principais ingredientes que você não colocará na pele e encontrar produtos sem eles. 

  1. Procure por produtos sem perfumes artificiais

Existem mais de 500 produtos químicos nos rótulos listados como “fragrância” porque são protegidos como “segredos comerciais”. Um produto químico de fragrância comum, o acetaldeído (um provável cancerígeno humano) mostrou em estudos com animais sua capacidade de atravessar a placenta para o feto. Ele também lista dores de cabeça, tremores, convulsões e até morte como um possível efeito da exposição.

Ingredientes tóxicos e seus potenciais substitutos

  • Ftalatos (phthalates, dibutylphthalate (DBP), dimethylphthalate (DMP), diethylphthalate (DEP)): São disruptores endócrinos, que ao acumular-se em nossos corpos ao longo do tempo, podem interferir no sistema hormonal, alterando a forma natural de comunicação do sistema endócrino. Nos cosméticos, eles são responsáveis pelo brilho e pela fixação da cor de esmaltes e permitem que perfumes durem por mais tempo; e, em outros produtos como hidratantes, spray de cabelo, sabonetes líquidos, antitranspirantes, desodorantes, condicionadores e shampoos. 

  • Parabenos (Metil, Etil, Propil, Iso, Benzil, Etc.): Desregulador hormonal que imita o estrogênio no corpo. Atualmente continua sendo estudada sua ligação com o desenvolvimento de câncer. Os parabenos são uma classe de compostos químicos, normalmente utilizados como conservantes, principalmente em cosméticos.

  • TEA + DEA (Trietanolamina e Dietanolamina): Considerados tão nocivos que ambos são proibidos na Europa, e classificados como "possivelmente cancerígenos'' pela IARC. Nos shampoos e cosméticos, eles são usados para criar uma textura de creme, além de proporcionar ação espumante e para balancear o pH. 

  • Triclosan/Triclocarbon: Proibido pelo FDA em sabonetes, mas ainda comum em desodorantes e cosméticos. Um dos piores disruptores endócrinos e afetam a corrente sanguínea. Eles são antibacterianos, muito utilizados em cosméticos. 

  • PEGs/Ceteareth/Compostos de Polietileno: Produtos químicos sintéticos frequentemente contaminados com 1,4-dioxano, que é um carcinógeno que penetra facilmente na pele. Eles são encontrados em produtos que fazem espuma. 

  • Compostos de Vitamina A (Palmitato de Retinil, Acetato de Retinil, Retinol): Amplamente utilizado em protetores solares, loções e maquiagem. O problema está em que a luz solar faz com que a vitamina A se decomponha, produzindo radicais livres que podem danificar o DNA e aumentar a sensibilidade da pele. 

  • EDTA: Intensificadores de penetração que aumentam a absorção de ingredientes nocivos na pele. Também está ligado a danos cerebrais em animais. Não é biodegradável e polui o meio ambiente.

  • Lauril: Surfactante que pode irritar os olhos, pele – causando dermatites, extremamente prejudicial aos ecossistemas aquáticos.

Alguns dos potenciais substitutos, portanto, a esses ingredientes e que, em seu lugar, desempenham a funcionalidade de forma saudável e eficaz, podem ser: 

  • Nipaguard: conservante antimicrobiano, ideal para a preservação de produtos cosméticos com fins naturais.

  • Isetionato de sódio: tensoativo ou surfactante natural em pó, feito de ácidos graxos de coco renováveis; produz muita espuma nas formulações cosméticas.

  • Vitamina E: antioxidante, anti-inflamatória e poder rejuvenescedor, nutrindo e hidratando a pele. Tem ações na redução do eritema, da peroxidação lipídica e da proliferação celular induzida pela radiação UV.

  • Óleo de resina de alecrim: atua como antioxidante; inibe a formação de radicais livres.

Conclusão

Agora que você já está pronto para largar a beleza tóxica, e sabe a importância da discussão sobre o que colocamos na pele, as maneiras de reduzir a exposição química, quais os ingredientes a serem evitados e quais seus bons substitutos, você está praticamente graduado como shopper de cosméticos. 

De maneira geral, os cosméticos 100% naturais e veganos não tem erro: vão manter sua pele saudável, linda e ainda assim, irão exercer a sua funcionalidade de forma eficaz; mas nunca é demais dar uma investigada nos componentes. 

Lembre-se que não só sua pele sai satisfeita com essa sua escolha, mas também o meio ambiente! E assim, com ingredientes naturais e cuidando do meio ambiente, nós como pessoas nos sentimos melhor. #vemsernatural


*Washing face photo created by wayhomestudio - www.freepik.com</a>

Comentários (3)

  • Sônia Ricardo em 20 02, terça-feira

    Grata pelas recomendações, tão vitais para nossa saúde.

  • Ricardo Bastos em 19 10, quinta-feira

    Informações bem relevantes. Pretendo direcionar produtos naturais para as pessoas. Principalmente multiplicar o alerta ação nociva desses produtos químicos.

  • Ricardo Bastos em 19 10, quinta-feira

    Informações bem relevantes. Pretendo direcionar produtos naturais para as pessoas. Principalmente multiplicar o alerta ação nociva desses produtos químicos.

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